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Esse aqui é meu espaço terapêutico, de rir, de refletir. Entre e fique a vontade, é tipo a sala da minha casa numa tarde de café com bolo de fubá!

15 janeiro 2018

Diário de um desfralde


Quando a Duda tinha 1 ano e 5 meses compramos um penico que depois viraria somente assento redutor para vaso sanitário, porém não tínhamos a menor pretensão de tirá-la tão cedo das fraldas. Porque compramos um penico? Todas as vezes que usávamos o banheiro aqui em casa, ela se interessava muito por saber o que estávamos fazendo. Perguntava e notamos que o interesse começou a ficar cada vez maior. Aqui em casa não temos o costume de fechar a porta pra nada, nem pra cocô, nem pra xixi e nem pra banho, então todas as vezes que íamos ao banheiro, ela ia atrás. Pedia pra olhar o que tinha dentro do vaso (aquela privacidade básica que a gente perde depois que tem filhos sabe?), perguntava o que tínhamos feito e colocava as mãos na fralda.

Quando o penico chegou, rolou curiosidade, sentou, desmontou e por ali ficou. Durante um bom tempo ele ficou jogado no meio dos brinquedos, servindo de berço para os ursinhos e bonecos por mais ou menos uns três meses. Ofereci pra ela usar, mas a recusa foi enfática e imediata, não forcei a barra e larguei pra lá.


Quando ela estava com 1 ano e 8 meses, começou a acordar pela manhã com a fralda sequinha e foi então que ofereci o penico. Ela topou. Achava o máááááximo ver o xixi saindo e depois o ritual de jogá-lo na privada, dar descarga e dar tchau pro seu “precioso”. Seguimos assim durante dois meses, fazendo o primeiro xixi do dia, no penico. A Duda já avisava que a fralda estava suja e pedia pra trocar havia um tempo e agora ela também começou a avisar que estava fazendo xixi ou cocô na fralda. Comecei a oferecer o penico nesses momentos também. No começo ela recusava, depois começou a aceitar um aqui, outro acolá. Houve dias em que foram quase todos os xixis no penico. Os cocôs ainda não eram bem aceitos no penico, só ocorreu um nesse tempo. Depois de um tempo, passamos a utilizar somente o assento redutor diretamente na privada, onde ela aceitou bem, afinal, ela estava fazendo como a mamãe e o papai.
Tudo indo maravilhosamente bem, até que fomos fazer uma viagem de um pouco mais de três semanas. Levamos o assento redutor pra que a gente continuasse com o processo fora de casa (doooooce ilusão de pais bem intencionados não é mesmo?). Já no trajeto, entre aviões e conexões, ela pediu uma vez pra fazer xixi e o corre pra lá com horário apertado e o vai pra cá com malas e etc, nos fez dizer “Ah filha, faça na fralda mesmo.” que desastre. Obviamente isso confundiu a cabeça dela e mesmo porque não havia pretensão de tirar as fraldas tão cedo, era só um treino, então faça aí mesmo.
Quando chegamos no nosso destino, ofereci o xixi na privada e ela só fez uma única vez, e em todas as outras a recusa era enfática e as vezes com gritos, mesmo que eu nem insistisse. Ok, respeitei, entendi que tudo estava diferente, fora de casa, fora de rotina, em lugar desconhecido e larguei de mão essa história de desfralde.


Voltamos pra casa, esperei alguns dias pra que nós duas nos habituássemos novamente a nossa rotina e voltei a oferecer a privada. Comecei da estaca zero, tudo de novo, bora lá que a gente consegue. Estávamos a poucas semanas dela completar 2 aninhos, começamos com os corres do aniversário e não fiquei enfatizando o desfralde não. O primeiro xixi da manhã era sempre na privada e os outros variavam bastante.
Passado o aniversário, eu decidi que não iria investir no desfralde, porque eu estava mais interessada no desmame (isso é assunto pra outro diário). Continuei a oferecer o xixi na privada pela manhã e dizia “filha, se você quiser fazer xixi na privada de novo, só avisar a mamãe que eu te ajudo ta?”. Ela sinalizava que havia entendido e eu não perguntava mais.
O calor chegou com tudo e a Duda, que sempre teve alergias fortíssimas nesse período desde bem bebezinha, começou a reclamar do incômodo da fralda. Ela dizia “mamãe ta incomodando, ta quente” e queria tirar. Expliquei pra ela que não tinha como ficar sem fralda, porque ela ainda estava aprendendo a fazer xixi e cocô na privada e que assim que ela aprendesse a fazer tudo lá, que daí então poderia não usar mais fraldas. Dava muita dó de ver a marca quadrada do plástico nas costinhas dela, queimava mesmo. Algumas horas do dia, eu concedia “o privilégio” de ficar sem nada e ela desfrutava da liberdade de não ficar cozinhando naquela fralda incômoda.

Eu comecei a investir um pouco mais nesse desfralde, mas sem muita ênfase, porque meu foco ainda era o desmame e não era certo fazê-la passar por dois marcos tão importantes de uma vez só. De tempo em tempo eu perguntava sobre o xixi e oferecia a privada, as vezes a levava mesmo sem ela ter realmente vontade e ela fazia. “Tratar o tema com naturalidade, sem fazer dele o centro da vida da criança, é uma abordagem mais assertiva.” (Zioneth Garcia – 2016 – Blog Cientista que virou Mãe). Ela topou novamente e demonstrava interesse em tirar logo essas fraldas tão incômodas.




Decidi então que iria comprar umas calcinhas para incentivar o desfralde e despertar interesse por esse novo mundo que ela estava prestes a dominar de vez.“Além de ter o aparelho pronto é preciso contar com a disposição para tal, ou seja, a criança querer.” (Zioneth Garcia – 2016 – Blog Cientista que virou Mãe). Investi em calcinhas dos personagens amados da vez, o Mickey e a Minnie, o que foi um sucesso bem grande. Mano, como é difícil encontrar calcinha número 2 e a maioria ainda são enormes (acordem aí lojistas).
Ate então, um ou dois cocôs foram feitos na privada, com esse ainda não rolava segurança. Eu estava tão relaxada com essa história de desfralde, que por mim tudo bem colocar a fralda pra fazer o cocô, ela deveria se sentir segura e confortável pra então dar um passo adiante.
De tempo em tempo eu perguntava a ela se queria a privada, nomeava os “eventos fisiológicos” que ela estava sentindo: filha, isso é cólica, isso é vontade de xixi, isso é vontade de fazer cocô. Com o tempo ela foi aprendendo a nomear também e a falar. Tem uma musiquinha bem legal dos Grandes Pequeninos “Xixi, Cocô e Pum”, bem educativa e legal, que foi a febre por aqui, indico fortemente.



E então no dia 08 de dezembro de 2017 ela disse “mamãe eu não quero mais usar ‘faldas’, eu vou usar calcinhas da Minnie, a ‘falda’ queima minha ‘cotas’”. Nossa, assim? Tão fácil? Fiquei boquiaberta e resolvi confiar na minha filha, de que ela estava pronta pra um dos passos mais importantes dessa primeira infância. Nesse dia, tínhamos um compromisso na casa de amigos, e eu a levei só de calcinha mesmo. Conversamos “filha, como você decidiu que não quer mais usar fraldas, vc irá de calcinha, ou seja, você terá de avisar a mamãe quando sentir vontade de xixi e/ou cocô ta bom? As vezes, a mamãe vai te perguntar se você tem vontade e eu vou confiar de que você sabe se quer ou não, ok?”. Ela balançou a cabeça positivamente. Todos os xixis e um cocô na privada FORA DE CA-SA. Eu não conseguia disfarçar o meu orgulho, fazia muita festa e dizia “que legal filha, você avisou a mamãe que você estava com vontade de fazer xixi, você sabe mesmo o que é isso né? Que legal, parabéns, você está crescendo e se tornando uma criança muito esperta”. Era nítido o orgulho da conquista que ela sentia de si mesma. Me emociono em escrever. É tão bom ver a cria da gente conquistando coisas nessa vida.
Sobre escapes, até agora houveram: um, em que ela nem estava em desfralde, efetivamente falando, e ela demonstrou um certo constrangimento “mamãe, o que aconteceu comigo? Limpa, limpa, poi favoi”. Eu expliquei o que tinha acontecido e não demonstrei em nenhum momento decepção, mesmo pq eu não sentia isso, eu acolhi “filha, ta tudo bem, você ta aprendendo, você ainda não sabe, a gente vai limpar e tentar avisar quando a vontade estiver vindo da próxima vez.” e abracei. E só! Um outro foi com o Du, no dia seguinte a decisão dela de deixar as fraldas, que foi tratado da mesma maneira que eu tratei, com acolhimento e muita vontade de ajudá-la. Outro numa das sonecas da tarde em que eu vacilei de não oferecer pra fazer xixi antes e outros dois a noite que eu enchi a bichinha de água e chá kkkkkkkk e não levei ao banheiro antes.
E então aos 2 anos e 2 meses, nossa pequena grande mini pessoa, está desfraldada.
Até hoje ela comemora a cada conquista de xixi e cocô na privada e nós comemoramos junto.
Cada conquista sua minha filha, será a nossa conquista. A cada grande passo seu, estaremos sempre aqui pra te amparar e te impulsionar, e como já te ensinamos, quando não pudermos mais te ver e te ajudar, nosso Deus estará com você. Ele nunca irá te deixar e nem nunca desamparar. Te amamos nossa vencedora!

15 abril 2016

Relato de Amamentação

Ah amamentação...
Sempre tive medo dela, pavor, pra ser mais sincera. Até mais do que do próprio parto.
Sentia muita sensibilidade nos seios e isso me apavorava, ainda mais em pensar que um bebê faminto me solicitaria de hora em hora.
Durante a gestação, conversei sobre esse medo e pavor com a minha super doula Valentine. Ela, sábia e tranqüila como sempre, me disse “Você terá que buscar informações e se empoderar assim como fez com relação ao parto”. E ok, fui buscar informações e me empoderar também na amamentação.
Nesse tempo, pessoas me contavam mitos e lendas sobre como preparar o seio para amamentar. Eu aprendi que não há “preparo”. Casca de banana, passar bucha, fazer bico e etc, não, não, nããããooooo. Esses mitos pra mim, se equiparam aquele lance de manga com leite, não lavar cabelo durante os 40 dias do resguardo e blá blá blá. Haja habilidade, tipo Matrix (o filme), pra se desviar dessas coisas aí.
O que ajuda a se preparar? INFORMAÇÃO. Onde achar? Conversando com profissionais atualizados, lendo e estudando materiais atualizados, entrando em grupos de discussão sobre amamentação e tem um perrrrfeito chamado GVA (Grupo Virtual de Amamentação), também conversando com mães que amamentaram seus filhotes até os 6 meses pelo menos.
Muito que bem, Duda nasceu e logo depois ela quis abocanhar o seio, tanto que contei no relato de parto que isso ajudou a dar contrações para que a placenta também pudesse nascer. A minha parteira, Alana, me ajudou nesse primeiro momento, colocando o bico do meu seio na boquinha da Duda. Ardeu gente, como ardeu. Lembro que eu falava:
- “Au au au hummmmm”.


Ok, toda a equipe foi embora após o parto e eu pensava:
- “Meu Deus será que eu vou dar conta de amamentar essa menina? Será que eu sou capaz?”.
Ao mesmo tempo eu pensava:
- “Eu consegui parir, sou mulher, sou a máquina humana mais perfeita que Deus poderia fazer, então eu posso sim, vou conseguir e a Duda vai ajudar”.



As próximas duas semanas foram muito decisivas para que eu conseguisse amamentar.
Primeiramente decidimos que não iríamos receber visitas no primeiro mês e que gostaríamos de viver nossa “Lua de Leite” (sabe aquele lance da lua de mel que o casal quer ficar sozinho? Entãããão, éramos nós com a nossa Duda). Essa foi a primeira decisão mais acertada que tivemos para o sucesso da amamentação. Muitas pessoas se ofenderam, acharam frescura, ficaram chateadas e infelizmente não pude e não vou fazer nada quanto a isso hahahahahahahahahaha azar de quem ficou de biquinho e obrigada aos amigos e parentes que compreenderam e nos respeitaram, nos dando esse tempo precioso.
Precisávamos desse tempo pra estabelecer a amamentação, pra estabelecer meu vínculo com a minha filha, pra tentar entender a complexidade dessa primeira fase da amamentação. Poder colocar o seio da boca dela e verificar se estava correto, sem pensar no tempo gasto pra isso. Fazer careta e não verr caras de reprovação, chorar de dor sem incomodar ninguém, não ter que agüentar milhares de pitacos, ter meu marido só pra nós e superar também esse momento que não é fácil pra maioria das mulheres.
Todas as vezes que eu percebia que a Duda estava ficando novamente com fome, eu começava a chorar. Sabia que ia doer, que eu teria que agüentar. Meu seio em momento algum teve fissura, nem sangrou, nem o leite empedrou e também não tive mastite até o momento. Meus seios eram sensíveis mesmo, e o movimento de sucção da Duda, me fazia sentir como se estivesse levando beliscões fortes nos bicos.



Em todos os momentos eu tive ajuda do meu companheiro de vida, o Du. Ele segurava a minha mão, me dava água (sempre me manteve hidratada e até hoje ele traz uma garrafinha d’água pra mim), me colocava numa posição confortável, me protegia de comentários e pitacos totalmente desnecessários e nunca pedidos. Várias vezes ele segurava a Duda, pra que eu pudesse me concentrar e não desistir de amamentar.
As únicas pessoas que sabiam na íntegra o que estava acontecendo era o Du, Valentine e eu. Não abri pra outras pessoas, porque a primeira coisa que ouviria seria “Pra que sofrer? Dá logo uma mamadeira pra essa menina. Eu fiz isso, a prima da amiga do cavalo do bandido também e ninguém morreu, ta tudo saudável”. Eu hein, sai pra lá. Sofrer sozinha, obviamente não é a solução, mas a minha rede de apoio estava bem fortalecida. Eu tinha uma doula magnífica que me tirava várias dúvidas via whatsapp e um marido que me apoiava e sabia que aquele era o meu sonho e o melhor alimento pra nossa filha.



Valentine me ensinou que deixar a água quente do chuveiro bater direto nos seios, aumenta a produção de leite e isso não era legal para aquele momento. Também me ensinou como verificar se a Duda estava fazendo a “boca de peixinho” (pega correta) e se não estivesse, me ajudou a aprender como retirá-la do seio, sem que ela esticasse fazendo tipo chiclete. Também me deu dica de que seria legal nesse início não amamentar em frente a televisão ou com o celular na mão, pois isso atrapalharia a formação do vínculo com a minha neném. Me ensinou como massagear os seios quando estivessem muito cheios, nada daquelas manobras horrorosas que fazem por aí, que eu tinha verdadeiro pavor. Ela sempre dizia “seja gentil com seus seios, massageie com carinho”. Ahhh Valentine, nenhum dinheiro do mundo, pagaria esse seu trabalho. Se as mulheres soubessem como isso é precioso. Vale muito mais do que aquela roupinha carérrima de saída de maternidade. Mas tudo é uma questão de valores.



Du, palavras são meras palavras, perto do sentimento de gratidão que tenho por tudo o que você fez nesses últimos 6 meses. Há momentos que tenho vontade de te matar, é bem verdade kkkkkkkkk mas voltemos ao assunto do relato. Você foi a pessoa essencial pra que esse processo todo fosse menos penoso. Como diz a música “como sempre estou, mais do seu lado que você”, e essa verdade se aplica também na amamentação. Não posso imaginar o quão difícil foi pra você me ver chorando, me ver soluçando, me ver com dor e mesmo assim dizer “Você consegue, só mais um pouquinho, ta tudo indo bem. Quer água? Você está confortável? Relaxa seus pés, deixa que eu te ajudo, ficar tensa vai fazer seu corpo doer”. Deus sabia que eu precisaria de você e te capacitou. Obrigada por acreditar que eu era e sou capaz disso. Obrigada por ter escolhido me apoiar, obrigada por me proteger dos pitacos de pessoas sem conhecimento.



Passadas as primeiras duas semanas, as dores foram diminuindo, fui sentindo cada dia mais prazer nos momentos da amamentação. A partir do momento que “saímos para o mundo”, na convivência com outras pessoas, fui ouvindo gente duvidando da minha capacidade de amamentação, mas também ouvindo gente dizer que amamentar é o ato de amor mais lindo do mundo. Gente me olhando de cara feia, porque nunca quis colocar “paninho” pra esconder que estava amamentando (essa foi uma escolha MINHA). Gente que me olhava com cara de ternura, demonstrando amor por aquele momento lindo.
Enfim, fácil não é, mas é possível. Não senti prazer no começo, mas insisti e persisti.
Não deixei e não deixo ninguém minar a confiança que tenho no corpo perfeito que Deus fez. Pedia o tempo todo pra Ele me capacitar, pra Ele me ajudar, porque eu sabia que era capaz de amamentar.
Posso dizer que sou imensamente feliz por ter escolhido amamentar a Duda exclusivamente no seio. Vivi momentos maravilhosos de alegria quando ela se jogava pra trás exausta de tanto mamar, ou quando se escondia debaixo do seio. Hoje estou vivendo aquela interação gostosa em que ela mama, olha pra mim, põe a mão na minha boca, sorri e me lança olhares de ternura. Todo aquele sofrimento inicial valeu a pena, não tenho duvidas.
Por agora começaremos uma nova fase, a introdução alimentar. Estou orgulhosa de mim por ter conseguido e com sentimento estranho porque minha bebê ta crescendo rápido e eu já vou começar a chorar...
Pronto parei, voltemos.



Informação gente, informação é tudo na vidaaaaa.
Procure pessoas pra te ajudar, pra te impulsionar, pra te apoiar, pra te auxiliar.
Homens, companheiros, parceiros, pais, vocês são uma das ferramentas essenciais pra que a mãe do seu filho consiga amamentar. Apoie, busque ajuda, a proteja de algumas pessoas, não duvide da capacidade da sua mulher, invista tempo e dinheiro nisso.
A vocês que cercam mulheres que estão tentando amamentar ou que já amamentam, por gentileza guarde os comentários toscos pra vocês, nenhuma mãe quer e nem precisa saber. Se você não tem nada de bom pra falar, se cale (até o louco quando se cala, se passa por sábio). Quer saber quais comentários toscos? Esses:
- xiiiii será que tem leite nesses seios pequenos aí?;
- ahhhh essa criança ta com fome, seu leite não é suficiente;
- seu leite vai secar se essa criança demorar pra mamar;
- esse neném tem fome demais, dá um “complementozinho” e você terá paz;
- deixa eu ouvir se tem leite descendo pela garganta dele mesmo;
- você tem que se cobrir, que falta de vergonha na cara expor seus seios;
Nuuuu são tantos os comentários, vou parar por aqui.
A você mãe que não conseguiu amamentar por N motivos, toda minha empatia e carinho.
A você mãe que está tentando e está difícil, persista e encontre apoio. Mas se você sentir que não dá mais, tudo bem também. Só VOCÊ sabe o que é melhor pro seu filho. Não é a avó, não é o pediatra (patrocinado pela indústria do “complemento”), não é sua sogra, não é sua irmã, SÓ VOCÊ.
E é isso gentem...consegui manter o aleitamento EXCLUSIVO da minha Duda 6 meses.
Eu to glorificando em pé.

“Deus é bom pra mim, Deus é bom pra mim, seguro estou, contente eu vou, Deus é bom pra mim”.

03 novembro 2015

Relato de Parto – Parte 2


Relato de Parto – Parte 2
E a gravidez foi transcorrendo sem maiores intercorrências. As pessoas me perguntavam:
- “Você está ansiosa?”
E eu não sentia essa ansiedade toda que ouvi falar por aí. Mantinha-me calma, mas confesso que não agüentava mais estar grávida hahahahaha me sentia muito cansada, enorme e estava bem inchada. Minha preocupação era:
- “E se eu chegar às 42 semanas, qual será meu plano?”.
Porém ao mesmo tempo me vinha na cabeça o versículo de Hebreus 13:5b que diz “...eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei” e também o de João 14:27 “Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.” e segui confiante e sem me desesperar. Comecei a me isolar um pouquinho em casa, pra evitar que as pessoas me colocassem a ansiedade que eu tanto evitava e foi a melhor decisão.
A DPP (data provável do parto) era dia 22/10, porém o Duinhu dizia que ela iria chegar dia 13 ou dia 17 de outubro. Acreditamos que a lua tem influência sobre algumas coisas aqui na terra e mais ainda sobre o parto (nossa crença ok?) e havia uma “virada” de lua acontecendo no dia 12/10 lua nova.
Os pródromos ou falso trabalho de parto já estava ocorrendo haviam três semanas. Pois bem, na noite do dia 12/10 feriado, perdi o tampão mucoso (é uma secreção espessa, que pode conter sangue ou não). Enviei uma mensagem para a minha doula Valentine perguntando se aquilo era mesmo o tampão e ela confirmou que sim, de acordo com a minha descrição. Continuei de boa na lagoa, sabia que o trabalho de parto poderia demorar dias até engrenar, então voltei pro sofá e continuei assistindo televisão com o Duinhu. Fomos dormir bem tarde e a Duda estava bem agitada dentro da barriga, e daí pensei:
- “Dizem por aí que quando o bebê está pra nascer ele fica mais quietinho né? Então acho que não vai nascer tão cedo, essa menina não para” - kkkkkkkkkkkk oh ela me trollando.
Era 1h da manhã no dia 13/10 e eu lia o livro “Parto Ativo” (de Janet Balaskas) e começou a dar aquele soninho, acabei adormecendo perto das 2hs da madruga. Às 5hs acordei pra fazer xixi, o Duinhu também acordou, ele estava em constante alerta já havia alguns dias. Quando voltei do banheiro, a bolsa estourou, escorrendo água pelas pernas e molhou bastante o chão. Olhei pro Du e disse:
- “É Baby acho que a bolsa estourou mesmo”.
Ele ficou entusiasmado, me ajudou a me secar e voltei a deitar pra tentar dormir mais um pouquinho. Mas quem disse que a gente conseguiu? Ficamos conversando:
- “Será que é hoje? Nossa mas se for hoje, ela vai ser bem sua puxa saco hein Du? Veio só porque você falou dia 13”.
Às 5:30hs enviei mensagem ao grupo no whatsapp que havia criado para falarmos sobre o parto, avisando que a bolsa tinha rompido e que iríamos avisando sobre o progresso de tudo. Às 6hs as contrações começaram e se pareciam com cólicas menstruais fortes. Duinhu baixou um app pra auxiliar na contagem e duração das contrações, e nesse momento estavam de 3 em 3 minutos com duração de 1 minuto. Daí então ele me sugeriu que fosse pro banho quente, a Val tinha dito que pra identificar se eram mesmo as contrações de TP (trabalho de parto) que fosse pro banho e deixasse cair água quente nas costas. Se não fosse contrações de TP iriam passar, se não iriam continuar. Fiquei uns 30 minutos debaixo do chuveiro e as contrações ficando cada vez mais doloridas. Eu nem precisava mais avisar ao Du que elas estavam vindo, ele segurava a minha mão e com a outra anotava no celular. Saí do banho, me enxuguei e desceu mais líquido da bolsa (ohhh bolsinha lotada de água viu? Talvez isso justificasse o tamanho da pança kkkkkkk). A cor do líquido era transparente e a Duda se mexia bastante durante uma contração e outra, com isso fiquei em paz, porque sabia que ela estava bem.
Consegui colocar um vestidinho e desci pra tentar tomar café. Às 8hs, a Pri chegou (minha cunhada, pedi pra que ela ajudasse com as comidinhas e com a casa no dia do parto pra que eu e o Du pudéssemos ficar juntos o tempo todo), a abracei e já chorei horrores, comecei a ficar ansiosa. Quase ao mesmo tempo a Val, minha doula, chegou, abracei e chorei também. Como eu gosto do abraço da Val, é um aconchego tão bom. Logo ela me disse:
- “Tudo bem querida, tá tudo bem”.
Respirei fundo e as contrações vinham e iam, como ondas mesmo. A Pri preparou nosso café da manhã, ela foi tão rápida com tudo que mal pude acreditar, logo eu tinha um leite pra tomar e um pão tostado. Tentava comer, mas as contrações não me deixavam terminar uma “golada” do leite, que acabei largando pela metade. Depois ela me ofereceu mamão e foi o que consegui comer. Enquanto isso a Val ia fazendo massagem com óleo nas minhas costas, o que dava um alívio de Deus.
Nesse meio tempo a Michele chegou, me cumprimentou. Queria dizer que a presença dela traz uma paz muito boa. Mas durante todo o processo de parto, não a vi hahahahaha e ela já tinha me dito no nosso primeiro encontro:
- “Você não vai me ver ta? Mas não se preocupe, eu estarei registrando tudo da maneira mais discreta possível.”
E assim ela o fez.
As contrações começavam a aumentar, mas no intervalo delas eu conseguia conversar numa boa e nem parecia que havia sentido tanta dor antes. É louca essa sensação, parece até que você está mentindo sobre a dor hahahahahaha porque ela passa mesmo. A Val me sugeriu ir para o chuveiro pra dar um alívio nas dores e fui subindo as escadas, com o auxílio do Du porque as contrações estavam doloridas e eu precisava de apoio. Quando cheguei no chuveiro a Val já tinha colocado a bola de pilates dentro do box. Fiquei sentada lá deixando a água cair nas costas e posso afirmar que a água quente ajuda horrores a amenizar as dores. Alisava a barriga e conversava com a Duda:
- “É hoje Dudinha, é hoje que você vai vir pra gente. Pode vir, ta tudo pronto”.
Du ficou o tempo todo de mãos dadas comigo, isso foi importantíssimo pra mim, não me sentia sozinha e ele me amparava a cada contração. Enquanto estava no chuveiro a Alana, minha parteira chegou, a abracei e ela disse em tom festivo:
- “É hoje que a Duda chega ehhhhh”.
Ela verificou os batimentos cardíacos da nossa borboletinha e estava tudo bem.
Saí do chuveiro e desci novamente pra sala e entre uma contração e outra, eu via e ouvia a movimentação da negada enchendo a piscina na sala. Sentei no sofá e as contrações estavam me deixando meio fora de órbita já. A Pri fez uma trança e prendeu meu cabelo, que já estava me incomodando muito. Me lembro da Val me tratar na boca com açaí, depois tomei água de côco, uma garrafinha d’água. Eu precisava de energia. Depois sentei na bola de pilates e o Du fazia massagem nas minhas costas e a Val me amparava me abraçando.
Perto das 12hs as contrações me levaram pra um universo paralelo mesmo, a dor era beeeeem grandona. Alguém me ofereceu ir para a piscina, realmente não me lembro de quem era a voz, só sei que disse sim e fui. Deu uma boa aliviada, tanto que entre uma contração e outra eu dormia meeeeeeeesmo, de sonhar. A partir daí alguns acontecimentos ficaram meio confusos, fora de ordem, porém vou tentar descrever. Me lembro que a Val espirrava alguns cheirinhos gostosos e frescos, eu inspirava e me fazia bem. Lembro da Pri me dando água no canudinho e segurando a minha mão. Aliás, teve um momento em que a contração passou e eu parei de apertar a mão dela, mas ela continuou apertando a minha mão kkkkkkkkkkk. Lembro da Fernanda (a parteira que substituiu a Olívia) chegando, me abraçando. Me recordo do Du passar um dos braços em volta do meu pescoço e me amparar pra que eu descansasse um pouco. Eu me recostava na borda da piscina pra dormir e era acordada pelas ondas das contrações. E gente, são ondas mesmo, começam como uma marolinha, depois vem aquela onda gigante que te passa a rasteira, te fazendo engolir um pouco d’água, depois volta a ficar tranqüilo. A Alana vinha de tempo em tempo verificar minha pressão arterial e os batimentos cardíacos da minha Duda, graças a Deus tudo normal.
As contrações começaram a vir de um jeito que eu comecei a gritar literalmente, nuuuu que dor! E não gente, eu não vou romantizar meu relato de parto, mesmo porque nem é da minha “estirpe” fazer isso. Se estiver esperando um conto de fadas, pare de ler aqui.
Dadas as devidas explicações, vamos lá.
Comecei a sentir uma vontade enorme de fazer coco, e as contrações estavam me matando, eu agarrava na Val e pedia ajuda, pedia socorro, pedia pra Deus me ajudar a suportar, estava bem difícil. Agarrei no Du e pedia ajuda pra alívio da dor. Coitado, acho que deixei ele desesperado, mas ele dizia:
- “Agüenta firme, daqui a pouco ela (Duda) estará aqui nos nossos braços”.
Só Deus sabe o quanto foi difícil pra ele me dar esse apoio, ele mesmo disse que foi bem tenso pra ele me ver com tanta dor. Nesse momento em que valeu a pena todo o investimento que eu fiz dando a ele informações a respeito do parto em si. Qualquer outro homem no lugar dele teria dito pra acabar com aquilo. Obrigada meu Duinhu.
Em um dado momento a Alana perguntou se eu queria ficar apoiada na beira da piscina e de joelhos, eu topei. Parece que deu uma melhorada, mas as contrações não eram mais tão espaçadas e eu estava muito exausta, não dava tempo de descansar. Comecei a gritar que não agüentava mais:
- “Chega, deu, eu não agüento mais por favor, chega”.
Lembrando, que isso era dor, não sofrimento. Sofrimento é outra coisa. A cada contração doída a Val me abraçava, me beijava e dizia no meu ouvido:
- “Você consegue querida, você consegue, só mais um pouquinho”. 

Eu gritava de dor e a Val me pedia pra concentrar minhas forças lá embaixo, e a Alana endossava dizendo que eu deveria deixar meu corpo agir e ficar calma. Comecei a ficar com medo e lembro que nesse momento tocou uma das músicas que coloquei na minha playlist (escolhi 9 horas das minhas músicas preferidas pra tocar durante o TP):
- “Em meio ao furacão lutando com o leão, eu sobreviverei erguendo as minhas mãos, pois eu sei quem Tu és, também sei quem eu sou, em meio ao furacão te adorarei Senhor”.
Deus é demais né não? Tocar essa música bem nessa hora? Demais. As dores ficaram mais intensas, sentia pesar lá embaixo, sentia a Duda empurrando pra sair e eu gritava. A Val me abraçou e começou a orar no meu ouvido, ah como isso foi bom. Contrações mais doloridas e lembro de ter olhado para o relógio e pensado:
- “Se ela não nascer até o sol se pôr eu desisto, é impossível pra mim, eu não consigo”.
Mas como é bom ter pessoas por perto que confiam em você, que sabem do teu potencial, que acreditam no teu corpo e que não me deixariam desistir, porém que respeitariam qualquer que fosse a minha decisão, porque o corpo é meu e a decisão sempre foi minha. E então a Alana me disse:
- “Vamos mudar esse discurso? Diga ‘eu consigo, eu posso fazer isso’. Todas que estão aqui com você já pariram, a gente conseguiu você também consegue.”
A Val já havia me avisado que no momento que eu entrasse na partolândia eu teria vários diálogos internos, e isso aconteceu o tempo todo. O Du jogava água quente nas minhas costas e eu agarrava firme nas mãos da Val. O desespero bateu novamente, muita dor, gritava muito e nesse momento eu disse novamente:
- “Chega, eu não agüento mais, para por favor, Deus me ajuda, socorro”.
Nesse momento a Alana veio até mim e tentou conversar comigo me perguntando:
- “Qual é a sua outra opção? O que você quer fazer?”.
Eu respondia:
- “Só quero que a dor pare Alana, eu não agüento mais, eu to cansada”.
A Alana me fez a mesma pergunta e eu não respondi, pois nesse momento eu só pensava:
- “A minha outra opção é ir para o hospital e tomar uma boa anestesia, mas e como fica toda a minha luta até aqui pra ter o parto que eu sonhei? E se eu for para o hospital haverá uma avalanche de intervenções desnecessárias tanto em mim, quanto na Duda.”
Porque eu não pensava só em mim, não era só o meu medo de hospital, eram as intervenções e procedimentos de rotina que todos os hospitais fazem com os recém nascidos. Colírio de nitrato de prata no olhinho da minha borboletinha? Neeeem a pau. Aspiração, lavagem, banho com esfregação na minha bebê? Jamais. Mesmo com o plano de parto em mãos, eu sabia que algumas coisas eu não poderia evitar. E me coloquei a pensar:
- “Não, eu não posso desistir, eu não vou desistir.”
Nesse momento toca outra música da minha playlist:
- “Me tira o medo, me conta segredos, aumenta minha fé, revela quem És”.
Eita que Deus é demais de perfeito nas mínimas e pequenas coisas. Essa música me acompanhou a gestação inteira, com os medos e incertezas que tivemos que enfrentar. O medo do aborto espontâneo, o medo do aborto por conta do meu sangue de RH negativo e todos os outros medos que todas as mulheres enfrentam quando sabem que há um serzinho crescendo dentro de si. Agarrei forte na certeza de que Deus cuida de tudo, e faz milagres diários na vida daqueles que confiam e entregam a Ele suas vidas.
Depois disso, vieram duas contrações muito fortes e eu só me lembro de dizer:
- “Eu quero fazer coco genteeeeeee”.
Essa vontade já era o expulsivo. Gente, é essa a sensação mesmo, é vontade de fazer coco incontrolável. Só que ao mesmo tempo eu sentia queimar tudo lá embaixo e não queria deixar meu corpo fazer força porque eu tinha medo da dor. E sim, por mais que você não queira fazer força, o seu corpo faz, você não manda muito. Me recordo da Alana dizer:
- “Deixa seu corpo agir, não segure, deixe ele agir”.
Só que eu não queria deixar e gritei:
- “Vai rasgar, vai rasgar, socorro!”
O tal círculo de fogo é real, eu senti. Foram três contrações das ferradonas. Na primeira eu gritei:
- “Gente do céu, ta ardendo, ta ardendoooooooo”.
A Val me disse:
- “Coloca a mão lá embaixo pra sentir a Duda”.
Eu não quis colocar, ainda continuava com medo. Na segunda contração ferradona:
- “Meu Deeeeeeeeeeeeus me ajudaaaaaaa”.
Criei coragem e coloquei a mão lá embaixo e senti a cabecinha dela e os cabelinhos da minha filhinha. Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo meuuuw (bem paulistano). Na terceira contração meu corpo fez uma baita de uma força e a Duda saiu igual quiabo hahahahahahaha tive a impressão de que ela bateria a cabeça do outro lado da piscina. O Du a amparou e a pegou no colo.
Duda nasceu as 15:09 com uma circular de cordão no pescoço e outra no corpo (como se fosse uma faixa de miss – segundo a Alana kkkkkkk). Me virei e escutei a Alana dizer:
- “Espera um pouquinho, devagar”.
Ela estava desenrolando o cordão em volta da Duda.

Me virei de frente, sentei na piscina e conheci o meu pacotinho de amor, que veio direto do colo do papai. A menina mais linda da face da terra, a pessoinha com quem mais sonhei na vida, a menininha pela qual eu lutei tanto pra vir ao mundo de uma maneira amorosa, na casa dela. Eu mal podia acreditar. Vi meu Duinhu chorando e dizendo:
- “Nossa filhinha Lita, nossa Duda, nossa filha, olha que linda”.

Ele estava tão emocionado, meu Deus, só de lembrar meus olhos se enchem de lágrimas novamente.
Peguei-a no colo, beijei e ela abriu os olhinhos pra me olhar. Tão tranqüila, tão serena, tão fofinha, de olhos pretos. Ela tossiu e naturalmente expeliu tudo para que as vias áreas fossem desobstruídas, sem que ninguém a aspirasse. Lembrando que se fosse necessário aspiração, obviamente que seria feito pelas parteiras, que estavam preparadas com equipamentos adequados para esse procedimento.

Ficamos ali, eu, Dudinha e Duinhu, enamorados e inebriados com aquilo tudo que havia acontecido. Dor? Que dor? Hahahahahah se em algum momento senti dor, a partir dali ela nunca havia existido. Que surreal, que louco esse lance de que uma hora a dor era horrível e depois já era, acabou.
Pouco tempo depois, a Duda já procurou o seio e abocanhou pra mamar. E isso foi perfeito, porque a sucção dela fez com que o útero contraísse novamente e a placenta nasceu na segunda contração. Detalhe, que o cordão umbilical não havia sido clampeado ainda e ela ficou assim um bom tempo, até que parasse de pulsar e ficasse branquinho (sem sangue passando).
Depois disso, saímos da piscina e deitei no sofá pra que as parteiras me examinassem. Não tive laceração, mas havia uma bolinha no meio do períneo e um machucado no meio, que não precisou de sutura. Só nesse momento a Duda saiu do meu colo e foi ser examinada também. Apgar 8/10, capurro 39 semanas, pesou 2.700 e mediu 48cm. 

Ufa! E foi isso aí negada. Foi a maior e melhor experiência da minha vida. A viagem mais louca, mais doida que eu já fiz. A dor existe sim, dói pra xuxu, mas ela passa. Eu nunca tive medo da dor em si, eu tinha medo do sofrimento. Porque a dor física passa, mas a dor emocional não. E essa dor emocional eu não sofri, porque eu fui respeitada, acolhida, amada, cuidada, alimentada, ninguém me mandou calar a boca, falar baixo, ninguém me falou que na hora de fazer foi bom, ninguém tirou meu marido de perto de mim, eu tive livre movimentação, eu gritei quando quis e achei que deveria gritar, eu tive mãos pra me amparar, eu tive amor e carinho por todos os lados e o saldo dessa experiência é positivaço. Ao final de tudo eu pude ver a mão de Deus me guiando em todos os momentos e me dando a certeza de que sim, eu tomei a melhor decisão da minha vida. Sim, Deus é perfeito e criou o corpo da mulher perfeito e o homem com sua “sabedoria moderna” tirou a capacidade da mulher acreditar que o corpo dela é perfeito. Eu acredito na perfeição da criação de Deus, eu acredito que Deus permite a medicina auxiliar em casos em que não haveria maneira de nascer sem ajuda.
Mulheres, acreditem, eu não sou “corajosa” como alguns e algumas dizem pra mim, eu só acreditei que meu corpo era capaz, e a minha mente mandou mais nesse processo todo do que qualquer parte do meu corpo.
Agradeço demais da conta ao meu marido, namorado, companheiro, amigo, cúmplice, Duinhu, porque acreditou mais em mim do que eu mesma. O seu apoio foi essencial meu amor, jamais vou esquecer isso. Você é homem de verdade, marido de verdade.
Obrigada à minha equipe, a melhor equipe do universo: Val, Mi, Alana, Olívia, Fer.
Obrigada à minha cunhada Pri que preparou comidinhas, me manteve alimentada e toda a equipe também.
Fiz e faria tudo outra vez!

31 outubro 2015

Relato de Parto – Parte I


Relato de Parto – Parte I
Meu relato de parto começa na verdade quase um ano antes do parto em si. Quando decidimos que iríamos parar com o anticoncepcional e tentaríamos engravidar. Eu tinha muitas dúvidas sobre tudo, o que me fez ter sede por informação.
Devido a várias experiências traumáticas de internações hospitalares, por diversos motivos, eu tinha certo pavor do parto no hospital, por acreditar que passaria por várias situações nada legais que havia enfrentado até então.
Procurei me informar muito sobre gravidez, o antes, o durante e o depois. Comecei a pesquisar mais sobre o parto lendo muitos artigos a respeito do tema, li também vários relatos de parto e, com isso, acabei conhecendo e entrando em grupos do facebook que falavam sobre parto natural e humanizado. 
Enquanto pesquisava e lia, também ia inteirando o Eduardo sobre o assunto. Ele não gosta muito de ler, mas quando leio pra ele sempre presta atenção e conseguimos dialogar a respeito do tema. Eu acredito que sem o parceiro/marido/companheiro, é muito difícil essa caminhada. Sempre estivemos juntos nessa desde antes de engravidar, teríamos que estar juntos também a respeito do parto. Foi extremamente importante esses momentos de estudo pra nós dois.
O assunto foi me interessando demais, até que ouvi falar sobre o parto domiciliar planejado e li muitos relatos. Seria possível o parto acontecer num ambiente que não fosse o ambiente hospitalar? Siiiiiiiim, era possível. Mergulhei em mais informações, devorava artigos, relatos, estudos com evidências científicas, lia sobre leis e em uma delas descobri uma lei que garante a mulher o direito de parir onde se sente mais segura. Quer ambiente mais seguro do que o meu lar? Mas agora como convencer o Duinhu a embarcar nessa comigo? Desde que li sobre o parto domiciliar planejado, meu coração se encheu de alegria. Senti como se Deus dissesse pra mim “é isso, vá em frente, Estou com você!”.
Conversei com o Du sobre o parto domiciliar e mais do que depressa ele disse “Não, nem pensar. Você quer o parto natural? Ok concordo, afinal o corpo é seu, mas domiciliar? Não vai rolar”. Eu não discuti, não retruquei, me calei e pensei que deveria usar de outra estratégia para que ele sentisse paz e segurança, e também quisesse o parto domiciliar.
No dia 13 de fevereiro (dois dias antes de descobrirmos que estávamos grávidos) eu e o Du assistimos ao documentário O Renascimento do Parto. Uaaaaaau, metanóia na hora. Chorei. Choramos. E quando terminou ouvi o Du dizer “não tenho dúvida de que o nosso parto será em casa”. Ohhhh além de dizer que seria em casa, ele disse NOSSO PARTO. Sim, porque ele também teria que parir junto comigo. Então pronto! Foi dada a largada para essa caminhada longa, dolorosa de ir contra o sistema, de lutar por um parto que escolhemos, de nos munir de informações pra debater de igual pra igual com profissionais da medicina desinformados e que quiseram nos desestimular ao parto natural.
A outra caminhada difícil foi comunicar a família e amigos próximos da nossa decisão. Várias pessoas se mostraram surpresas, outras nos chamaram de irresponsáveis, outras torciam contra em silencio, outras se mostravam curiosas. Porém aos poucos fomos aprendendo que algumas decisões cabem somente a nós mesmos sabermos e arcarmos com elas. Optamos pelo silencio, até mesmo quanto a informar quantas semanas de gestação estávamos no terceiro trimestre, porque as pessoas tinham prazer em contar tragédias e botar medo (prazer macabro esse, mas têm).
Próximo passo foi achar uma equipe da hora pra nos acompanhar na maior viagem das nossas vidas. Quem? Por onde começar? Como saber se são as melhores pessoas pra estar em um dos dias mais importantes das nossas vidas? Foi aí que começamos a participar das rodas de discussão dos grupos de gestante e íamos a palestras diversas nos grupos Samaúma, Arte de Nascer, Vínculo, Mulheres Empoderadas, Essência Materna. Foi bem legal, nos abriu novos horizontes, porque por mais que os temas fossem repetidos, toda vez aprendíamos algo novo. Estar com pessoas diferentes, que pensam diferente e vivem diferente nos faz aprender e crescer. 
A galera que nos acompanharia no dia do parto foi “achada” de uma maneira nada convencional, eu acho. Fazendo orçamentos de fotografia para o dia do parto, encontrei uma pessoa empática, disposta, além de profissional maaaara, Michele Pampanin Fotografia. Mandei mensagem no facebook e ela respondeu, era mais de meia noite e começamos a conversar sobre o trabalho de fotografia e quando vi, estava desabafando com ela e falando do tanto que estava difícil achar uma equipe para o parto domiciliar, que não sabia como fazer por onde começar, que as vezes sentia que alguns profissionais não estavam nem aí. Ela me acolheu, me tranqüilizou, conversou comigo e me indicou a equipe maaaara que nos acompanhou. Minha gratidão Mi, forever.
A Mi me passou o blog da que seria minha futura doula, Valentine Kasin. Li o relato do segundo parto dela e ria horrores à uma da matina. Eu pensei “Pronto, é ela. Ela tem a minha cara, ela é fora da casinha, é irreverente, sabe colocar em palavras as emoções de um dos dias mais importantes da vida dela (sim, eu conseguia imaginar ela falando sem nunca tê-la conhecido). É ela”. Marcamos um encontro em que conheci a Mi e a Val. Não tive dúvidas de que as duas estariam comigo no dia do parto.
Depois a Mi me indicou também as parteiras/enfermeiras obstetrasParteiras Aurora , que fazem parte a Alana Ferreira , Olivia Separavich eFernanda Abbud . Entrei em contato, marcamos um encontro e conhecemos a Alana e a Olívia, a identificação foi imediata também. Foi uma conversa muito gostosa, elas nos tranqüilizaram, nos instruíram, e sabíamos que seriam elas a estar com a gente e nos auxiliar também no pré natal.
Você pode estar se perguntando “ué, mas e médico?”. Sim, eu fiz pré natal com uma médica obstetra, indo a todas as consultas e fazendo exames. Porém, por ser uma gestante de “baixo risco”, não havia a necessidade de acompanhamento médico no dia do parto. Mesmo porque a médica que me acompanhava, foi uma das que queria me meter uma cesárea pelos motivos mais torpes e banais que existem.
Enfim, a caminhada até o dia do parto também foi deliciosa, porque todos os dias se confirmava em nosso coração a certeza de que nossa Dudinha nasceria em casa, sim estaríamos seguros, Deus estava conosco e nos sentíamos abençoados. “...e eis que eu estou convosco todos os dias...” Mateus 28:20b
Sobre o dia do parto? Ta na parte 2...logo mais...

24 março 2014

eu escolhi...



Não, não são todos os dias que eu me sinto apaixonada por você, mas continuo te amando.
Mas são todos os dias que eu acho, talvez procurando ou não, coisas em você pra me apaixonar de novo e de novo. Isso é tão bom, tão gostoso.
Faz um tempo que eu ouvi uma palavra que eu guardei pra sempre e pedi pra Deus me deixar viver isso: A PAIXÃO É MUITO BOA DENTRO DO CASAMENTO. Ohhhhh coisa gostosa é poder sentir isso e viver isso com você.
Sim, eu escolho me apaixonar por você, porque eu presto atenção, porque eu te olho, porque procuro coisas boas, porque procuro o que mais me atraiu e atrai em você.

Às vezes eu fico confusa e fico me perguntando porque eu acordei te amando tanto e tão apaixonada e rio sozinha.

03 janeiro 2014

Placa de otária

Deveria era colocar uma placa bem em cima da minha cabeça:
Quer só desabafar? Quer só contar-me seus problemas? Então USE-ME como Psicóloga, e para isso PAGUE.
Quer fazer tudo isso, mas oferecer ter reciprocidade? Então daí sim dê esperanças de alguma amizade nisso ai.
Se a intenção for só me usar, só deixe bem claro, pra que eu mesma não crie expectativas de algo que não existe.
Tenho diploma de otária faz tempo.


25 dezembro 2013

em todo tempo é tempo...


Sei que podemos tomar decisões e mudar a qualquer etapa/fase de nossas vidas. Acho mesmo isso. 
Acho também que temos que marcar um tempo para que algumas decisões sejam tomadas e para que recomeços sejam "startados". 
Os "fins de ano" e o "começo do ano" marcam tempos para as mudanças, parece que dá mais força pra que elas aconteçam.
É hora de reaver, hora de colocar na balança, de planejar, mais um ano recheadinho de coisas boas se assim quisermos. Mas se não der certo em dezembro ou em janeiro, tem aí todos os dias lotados de novas oportunidades pra refazer, pra recomeçar, pra deixar, pra dar um basta também.
E daí os pensamentos......
filha e serva melhor para Deus
pessoa melhor, cheia de amor por mim
esposa melhor, lotada de amor pra dar à ele
estudante aplicada, dedicada a ajudar
falar não
separar o joio do trigo
reconhecer quem me ama pra ficar mais coladinha
não ter medo de arriscar
importar menos com quem realmente não se importa
ignorar palavras que deixam pra baixo
olhar mais no espelho e reconhecer, Deus caprichou
deixar as reclamações para os momentos certos
um lugar pra servi-Lo

.......pensando, balanceando....2014 ta ai!!!