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03 novembro 2015

Relato de Parto – Parte 2


Relato de Parto – Parte 2
E a gravidez foi transcorrendo sem maiores intercorrências. As pessoas me perguntavam:
- “Você está ansiosa?”
E eu não sentia essa ansiedade toda que ouvi falar por aí. Mantinha-me calma, mas confesso que não agüentava mais estar grávida hahahahaha me sentia muito cansada, enorme e estava bem inchada. Minha preocupação era:
- “E se eu chegar às 42 semanas, qual será meu plano?”.
Porém ao mesmo tempo me vinha na cabeça o versículo de Hebreus 13:5b que diz “...eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei” e também o de João 14:27 “Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.” e segui confiante e sem me desesperar. Comecei a me isolar um pouquinho em casa, pra evitar que as pessoas me colocassem a ansiedade que eu tanto evitava e foi a melhor decisão.
A DPP (data provável do parto) era dia 22/10, porém o Duinhu dizia que ela iria chegar dia 13 ou dia 17 de outubro. Acreditamos que a lua tem influência sobre algumas coisas aqui na terra e mais ainda sobre o parto (nossa crença ok?) e havia uma “virada” de lua acontecendo no dia 12/10 lua nova.
Os pródromos ou falso trabalho de parto já estava ocorrendo haviam três semanas. Pois bem, na noite do dia 12/10 feriado, perdi o tampão mucoso (é uma secreção espessa, que pode conter sangue ou não). Enviei uma mensagem para a minha doula Valentine perguntando se aquilo era mesmo o tampão e ela confirmou que sim, de acordo com a minha descrição. Continuei de boa na lagoa, sabia que o trabalho de parto poderia demorar dias até engrenar, então voltei pro sofá e continuei assistindo televisão com o Duinhu. Fomos dormir bem tarde e a Duda estava bem agitada dentro da barriga, e daí pensei:
- “Dizem por aí que quando o bebê está pra nascer ele fica mais quietinho né? Então acho que não vai nascer tão cedo, essa menina não para” - kkkkkkkkkkkk oh ela me trollando.
Era 1h da manhã no dia 13/10 e eu lia o livro “Parto Ativo” (de Janet Balaskas) e começou a dar aquele soninho, acabei adormecendo perto das 2hs da madruga. Às 5hs acordei pra fazer xixi, o Duinhu também acordou, ele estava em constante alerta já havia alguns dias. Quando voltei do banheiro, a bolsa estourou, escorrendo água pelas pernas e molhou bastante o chão. Olhei pro Du e disse:
- “É Baby acho que a bolsa estourou mesmo”.
Ele ficou entusiasmado, me ajudou a me secar e voltei a deitar pra tentar dormir mais um pouquinho. Mas quem disse que a gente conseguiu? Ficamos conversando:
- “Será que é hoje? Nossa mas se for hoje, ela vai ser bem sua puxa saco hein Du? Veio só porque você falou dia 13”.
Às 5:30hs enviei mensagem ao grupo no whatsapp que havia criado para falarmos sobre o parto, avisando que a bolsa tinha rompido e que iríamos avisando sobre o progresso de tudo. Às 6hs as contrações começaram e se pareciam com cólicas menstruais fortes. Duinhu baixou um app pra auxiliar na contagem e duração das contrações, e nesse momento estavam de 3 em 3 minutos com duração de 1 minuto. Daí então ele me sugeriu que fosse pro banho quente, a Val tinha dito que pra identificar se eram mesmo as contrações de TP (trabalho de parto) que fosse pro banho e deixasse cair água quente nas costas. Se não fosse contrações de TP iriam passar, se não iriam continuar. Fiquei uns 30 minutos debaixo do chuveiro e as contrações ficando cada vez mais doloridas. Eu nem precisava mais avisar ao Du que elas estavam vindo, ele segurava a minha mão e com a outra anotava no celular. Saí do banho, me enxuguei e desceu mais líquido da bolsa (ohhh bolsinha lotada de água viu? Talvez isso justificasse o tamanho da pança kkkkkkk). A cor do líquido era transparente e a Duda se mexia bastante durante uma contração e outra, com isso fiquei em paz, porque sabia que ela estava bem.
Consegui colocar um vestidinho e desci pra tentar tomar café. Às 8hs, a Pri chegou (minha cunhada, pedi pra que ela ajudasse com as comidinhas e com a casa no dia do parto pra que eu e o Du pudéssemos ficar juntos o tempo todo), a abracei e já chorei horrores, comecei a ficar ansiosa. Quase ao mesmo tempo a Val, minha doula, chegou, abracei e chorei também. Como eu gosto do abraço da Val, é um aconchego tão bom. Logo ela me disse:
- “Tudo bem querida, tá tudo bem”.
Respirei fundo e as contrações vinham e iam, como ondas mesmo. A Pri preparou nosso café da manhã, ela foi tão rápida com tudo que mal pude acreditar, logo eu tinha um leite pra tomar e um pão tostado. Tentava comer, mas as contrações não me deixavam terminar uma “golada” do leite, que acabei largando pela metade. Depois ela me ofereceu mamão e foi o que consegui comer. Enquanto isso a Val ia fazendo massagem com óleo nas minhas costas, o que dava um alívio de Deus.
Nesse meio tempo a Michele chegou, me cumprimentou. Queria dizer que a presença dela traz uma paz muito boa. Mas durante todo o processo de parto, não a vi hahahahaha e ela já tinha me dito no nosso primeiro encontro:
- “Você não vai me ver ta? Mas não se preocupe, eu estarei registrando tudo da maneira mais discreta possível.”
E assim ela o fez.
As contrações começavam a aumentar, mas no intervalo delas eu conseguia conversar numa boa e nem parecia que havia sentido tanta dor antes. É louca essa sensação, parece até que você está mentindo sobre a dor hahahahahaha porque ela passa mesmo. A Val me sugeriu ir para o chuveiro pra dar um alívio nas dores e fui subindo as escadas, com o auxílio do Du porque as contrações estavam doloridas e eu precisava de apoio. Quando cheguei no chuveiro a Val já tinha colocado a bola de pilates dentro do box. Fiquei sentada lá deixando a água cair nas costas e posso afirmar que a água quente ajuda horrores a amenizar as dores. Alisava a barriga e conversava com a Duda:
- “É hoje Dudinha, é hoje que você vai vir pra gente. Pode vir, ta tudo pronto”.
Du ficou o tempo todo de mãos dadas comigo, isso foi importantíssimo pra mim, não me sentia sozinha e ele me amparava a cada contração. Enquanto estava no chuveiro a Alana, minha parteira chegou, a abracei e ela disse em tom festivo:
- “É hoje que a Duda chega ehhhhh”.
Ela verificou os batimentos cardíacos da nossa borboletinha e estava tudo bem.
Saí do chuveiro e desci novamente pra sala e entre uma contração e outra, eu via e ouvia a movimentação da negada enchendo a piscina na sala. Sentei no sofá e as contrações estavam me deixando meio fora de órbita já. A Pri fez uma trança e prendeu meu cabelo, que já estava me incomodando muito. Me lembro da Val me tratar na boca com açaí, depois tomei água de côco, uma garrafinha d’água. Eu precisava de energia. Depois sentei na bola de pilates e o Du fazia massagem nas minhas costas e a Val me amparava me abraçando.
Perto das 12hs as contrações me levaram pra um universo paralelo mesmo, a dor era beeeeem grandona. Alguém me ofereceu ir para a piscina, realmente não me lembro de quem era a voz, só sei que disse sim e fui. Deu uma boa aliviada, tanto que entre uma contração e outra eu dormia meeeeeeeesmo, de sonhar. A partir daí alguns acontecimentos ficaram meio confusos, fora de ordem, porém vou tentar descrever. Me lembro que a Val espirrava alguns cheirinhos gostosos e frescos, eu inspirava e me fazia bem. Lembro da Pri me dando água no canudinho e segurando a minha mão. Aliás, teve um momento em que a contração passou e eu parei de apertar a mão dela, mas ela continuou apertando a minha mão kkkkkkkkkkk. Lembro da Fernanda (a parteira que substituiu a Olívia) chegando, me abraçando. Me recordo do Du passar um dos braços em volta do meu pescoço e me amparar pra que eu descansasse um pouco. Eu me recostava na borda da piscina pra dormir e era acordada pelas ondas das contrações. E gente, são ondas mesmo, começam como uma marolinha, depois vem aquela onda gigante que te passa a rasteira, te fazendo engolir um pouco d’água, depois volta a ficar tranqüilo. A Alana vinha de tempo em tempo verificar minha pressão arterial e os batimentos cardíacos da minha Duda, graças a Deus tudo normal.
As contrações começaram a vir de um jeito que eu comecei a gritar literalmente, nuuuu que dor! E não gente, eu não vou romantizar meu relato de parto, mesmo porque nem é da minha “estirpe” fazer isso. Se estiver esperando um conto de fadas, pare de ler aqui.
Dadas as devidas explicações, vamos lá.
Comecei a sentir uma vontade enorme de fazer coco, e as contrações estavam me matando, eu agarrava na Val e pedia ajuda, pedia socorro, pedia pra Deus me ajudar a suportar, estava bem difícil. Agarrei no Du e pedia ajuda pra alívio da dor. Coitado, acho que deixei ele desesperado, mas ele dizia:
- “Agüenta firme, daqui a pouco ela (Duda) estará aqui nos nossos braços”.
Só Deus sabe o quanto foi difícil pra ele me dar esse apoio, ele mesmo disse que foi bem tenso pra ele me ver com tanta dor. Nesse momento em que valeu a pena todo o investimento que eu fiz dando a ele informações a respeito do parto em si. Qualquer outro homem no lugar dele teria dito pra acabar com aquilo. Obrigada meu Duinhu.
Em um dado momento a Alana perguntou se eu queria ficar apoiada na beira da piscina e de joelhos, eu topei. Parece que deu uma melhorada, mas as contrações não eram mais tão espaçadas e eu estava muito exausta, não dava tempo de descansar. Comecei a gritar que não agüentava mais:
- “Chega, deu, eu não agüento mais por favor, chega”.
Lembrando, que isso era dor, não sofrimento. Sofrimento é outra coisa. A cada contração doída a Val me abraçava, me beijava e dizia no meu ouvido:
- “Você consegue querida, você consegue, só mais um pouquinho”. 

Eu gritava de dor e a Val me pedia pra concentrar minhas forças lá embaixo, e a Alana endossava dizendo que eu deveria deixar meu corpo agir e ficar calma. Comecei a ficar com medo e lembro que nesse momento tocou uma das músicas que coloquei na minha playlist (escolhi 9 horas das minhas músicas preferidas pra tocar durante o TP):
- “Em meio ao furacão lutando com o leão, eu sobreviverei erguendo as minhas mãos, pois eu sei quem Tu és, também sei quem eu sou, em meio ao furacão te adorarei Senhor”.
Deus é demais né não? Tocar essa música bem nessa hora? Demais. As dores ficaram mais intensas, sentia pesar lá embaixo, sentia a Duda empurrando pra sair e eu gritava. A Val me abraçou e começou a orar no meu ouvido, ah como isso foi bom. Contrações mais doloridas e lembro de ter olhado para o relógio e pensado:
- “Se ela não nascer até o sol se pôr eu desisto, é impossível pra mim, eu não consigo”.
Mas como é bom ter pessoas por perto que confiam em você, que sabem do teu potencial, que acreditam no teu corpo e que não me deixariam desistir, porém que respeitariam qualquer que fosse a minha decisão, porque o corpo é meu e a decisão sempre foi minha. E então a Alana me disse:
- “Vamos mudar esse discurso? Diga ‘eu consigo, eu posso fazer isso’. Todas que estão aqui com você já pariram, a gente conseguiu você também consegue.”
A Val já havia me avisado que no momento que eu entrasse na partolândia eu teria vários diálogos internos, e isso aconteceu o tempo todo. O Du jogava água quente nas minhas costas e eu agarrava firme nas mãos da Val. O desespero bateu novamente, muita dor, gritava muito e nesse momento eu disse novamente:
- “Chega, eu não agüento mais, para por favor, Deus me ajuda, socorro”.
Nesse momento a Alana veio até mim e tentou conversar comigo me perguntando:
- “Qual é a sua outra opção? O que você quer fazer?”.
Eu respondia:
- “Só quero que a dor pare Alana, eu não agüento mais, eu to cansada”.
A Alana me fez a mesma pergunta e eu não respondi, pois nesse momento eu só pensava:
- “A minha outra opção é ir para o hospital e tomar uma boa anestesia, mas e como fica toda a minha luta até aqui pra ter o parto que eu sonhei? E se eu for para o hospital haverá uma avalanche de intervenções desnecessárias tanto em mim, quanto na Duda.”
Porque eu não pensava só em mim, não era só o meu medo de hospital, eram as intervenções e procedimentos de rotina que todos os hospitais fazem com os recém nascidos. Colírio de nitrato de prata no olhinho da minha borboletinha? Neeeem a pau. Aspiração, lavagem, banho com esfregação na minha bebê? Jamais. Mesmo com o plano de parto em mãos, eu sabia que algumas coisas eu não poderia evitar. E me coloquei a pensar:
- “Não, eu não posso desistir, eu não vou desistir.”
Nesse momento toca outra música da minha playlist:
- “Me tira o medo, me conta segredos, aumenta minha fé, revela quem És”.
Eita que Deus é demais de perfeito nas mínimas e pequenas coisas. Essa música me acompanhou a gestação inteira, com os medos e incertezas que tivemos que enfrentar. O medo do aborto espontâneo, o medo do aborto por conta do meu sangue de RH negativo e todos os outros medos que todas as mulheres enfrentam quando sabem que há um serzinho crescendo dentro de si. Agarrei forte na certeza de que Deus cuida de tudo, e faz milagres diários na vida daqueles que confiam e entregam a Ele suas vidas.
Depois disso, vieram duas contrações muito fortes e eu só me lembro de dizer:
- “Eu quero fazer coco genteeeeeee”.
Essa vontade já era o expulsivo. Gente, é essa a sensação mesmo, é vontade de fazer coco incontrolável. Só que ao mesmo tempo eu sentia queimar tudo lá embaixo e não queria deixar meu corpo fazer força porque eu tinha medo da dor. E sim, por mais que você não queira fazer força, o seu corpo faz, você não manda muito. Me recordo da Alana dizer:
- “Deixa seu corpo agir, não segure, deixe ele agir”.
Só que eu não queria deixar e gritei:
- “Vai rasgar, vai rasgar, socorro!”
O tal círculo de fogo é real, eu senti. Foram três contrações das ferradonas. Na primeira eu gritei:
- “Gente do céu, ta ardendo, ta ardendoooooooo”.
A Val me disse:
- “Coloca a mão lá embaixo pra sentir a Duda”.
Eu não quis colocar, ainda continuava com medo. Na segunda contração ferradona:
- “Meu Deeeeeeeeeeeeus me ajudaaaaaaa”.
Criei coragem e coloquei a mão lá embaixo e senti a cabecinha dela e os cabelinhos da minha filhinha. Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo meuuuw (bem paulistano). Na terceira contração meu corpo fez uma baita de uma força e a Duda saiu igual quiabo hahahahahahaha tive a impressão de que ela bateria a cabeça do outro lado da piscina. O Du a amparou e a pegou no colo.
Duda nasceu as 15:09 com uma circular de cordão no pescoço e outra no corpo (como se fosse uma faixa de miss – segundo a Alana kkkkkkk). Me virei e escutei a Alana dizer:
- “Espera um pouquinho, devagar”.
Ela estava desenrolando o cordão em volta da Duda.

Me virei de frente, sentei na piscina e conheci o meu pacotinho de amor, que veio direto do colo do papai. A menina mais linda da face da terra, a pessoinha com quem mais sonhei na vida, a menininha pela qual eu lutei tanto pra vir ao mundo de uma maneira amorosa, na casa dela. Eu mal podia acreditar. Vi meu Duinhu chorando e dizendo:
- “Nossa filhinha Lita, nossa Duda, nossa filha, olha que linda”.

Ele estava tão emocionado, meu Deus, só de lembrar meus olhos se enchem de lágrimas novamente.
Peguei-a no colo, beijei e ela abriu os olhinhos pra me olhar. Tão tranqüila, tão serena, tão fofinha, de olhos pretos. Ela tossiu e naturalmente expeliu tudo para que as vias áreas fossem desobstruídas, sem que ninguém a aspirasse. Lembrando que se fosse necessário aspiração, obviamente que seria feito pelas parteiras, que estavam preparadas com equipamentos adequados para esse procedimento.

Ficamos ali, eu, Dudinha e Duinhu, enamorados e inebriados com aquilo tudo que havia acontecido. Dor? Que dor? Hahahahahah se em algum momento senti dor, a partir dali ela nunca havia existido. Que surreal, que louco esse lance de que uma hora a dor era horrível e depois já era, acabou.
Pouco tempo depois, a Duda já procurou o seio e abocanhou pra mamar. E isso foi perfeito, porque a sucção dela fez com que o útero contraísse novamente e a placenta nasceu na segunda contração. Detalhe, que o cordão umbilical não havia sido clampeado ainda e ela ficou assim um bom tempo, até que parasse de pulsar e ficasse branquinho (sem sangue passando).
Depois disso, saímos da piscina e deitei no sofá pra que as parteiras me examinassem. Não tive laceração, mas havia uma bolinha no meio do períneo e um machucado no meio, que não precisou de sutura. Só nesse momento a Duda saiu do meu colo e foi ser examinada também. Apgar 8/10, capurro 39 semanas, pesou 2.700 e mediu 48cm. 

Ufa! E foi isso aí negada. Foi a maior e melhor experiência da minha vida. A viagem mais louca, mais doida que eu já fiz. A dor existe sim, dói pra xuxu, mas ela passa. Eu nunca tive medo da dor em si, eu tinha medo do sofrimento. Porque a dor física passa, mas a dor emocional não. E essa dor emocional eu não sofri, porque eu fui respeitada, acolhida, amada, cuidada, alimentada, ninguém me mandou calar a boca, falar baixo, ninguém me falou que na hora de fazer foi bom, ninguém tirou meu marido de perto de mim, eu tive livre movimentação, eu gritei quando quis e achei que deveria gritar, eu tive mãos pra me amparar, eu tive amor e carinho por todos os lados e o saldo dessa experiência é positivaço. Ao final de tudo eu pude ver a mão de Deus me guiando em todos os momentos e me dando a certeza de que sim, eu tomei a melhor decisão da minha vida. Sim, Deus é perfeito e criou o corpo da mulher perfeito e o homem com sua “sabedoria moderna” tirou a capacidade da mulher acreditar que o corpo dela é perfeito. Eu acredito na perfeição da criação de Deus, eu acredito que Deus permite a medicina auxiliar em casos em que não haveria maneira de nascer sem ajuda.
Mulheres, acreditem, eu não sou “corajosa” como alguns e algumas dizem pra mim, eu só acreditei que meu corpo era capaz, e a minha mente mandou mais nesse processo todo do que qualquer parte do meu corpo.
Agradeço demais da conta ao meu marido, namorado, companheiro, amigo, cúmplice, Duinhu, porque acreditou mais em mim do que eu mesma. O seu apoio foi essencial meu amor, jamais vou esquecer isso. Você é homem de verdade, marido de verdade.
Obrigada à minha equipe, a melhor equipe do universo: Val, Mi, Alana, Olívia, Fer.
Obrigada à minha cunhada Pri que preparou comidinhas, me manteve alimentada e toda a equipe também.
Fiz e faria tudo outra vez!

31 outubro 2015

Relato de Parto – Parte I


Relato de Parto – Parte I
Meu relato de parto começa na verdade quase um ano antes do parto em si. Quando decidimos que iríamos parar com o anticoncepcional e tentaríamos engravidar. Eu tinha muitas dúvidas sobre tudo, o que me fez ter sede por informação.
Devido a várias experiências traumáticas de internações hospitalares, por diversos motivos, eu tinha certo pavor do parto no hospital, por acreditar que passaria por várias situações nada legais que havia enfrentado até então.
Procurei me informar muito sobre gravidez, o antes, o durante e o depois. Comecei a pesquisar mais sobre o parto lendo muitos artigos a respeito do tema, li também vários relatos de parto e, com isso, acabei conhecendo e entrando em grupos do facebook que falavam sobre parto natural e humanizado. 
Enquanto pesquisava e lia, também ia inteirando o Eduardo sobre o assunto. Ele não gosta muito de ler, mas quando leio pra ele sempre presta atenção e conseguimos dialogar a respeito do tema. Eu acredito que sem o parceiro/marido/companheiro, é muito difícil essa caminhada. Sempre estivemos juntos nessa desde antes de engravidar, teríamos que estar juntos também a respeito do parto. Foi extremamente importante esses momentos de estudo pra nós dois.
O assunto foi me interessando demais, até que ouvi falar sobre o parto domiciliar planejado e li muitos relatos. Seria possível o parto acontecer num ambiente que não fosse o ambiente hospitalar? Siiiiiiiim, era possível. Mergulhei em mais informações, devorava artigos, relatos, estudos com evidências científicas, lia sobre leis e em uma delas descobri uma lei que garante a mulher o direito de parir onde se sente mais segura. Quer ambiente mais seguro do que o meu lar? Mas agora como convencer o Duinhu a embarcar nessa comigo? Desde que li sobre o parto domiciliar planejado, meu coração se encheu de alegria. Senti como se Deus dissesse pra mim “é isso, vá em frente, Estou com você!”.
Conversei com o Du sobre o parto domiciliar e mais do que depressa ele disse “Não, nem pensar. Você quer o parto natural? Ok concordo, afinal o corpo é seu, mas domiciliar? Não vai rolar”. Eu não discuti, não retruquei, me calei e pensei que deveria usar de outra estratégia para que ele sentisse paz e segurança, e também quisesse o parto domiciliar.
No dia 13 de fevereiro (dois dias antes de descobrirmos que estávamos grávidos) eu e o Du assistimos ao documentário O Renascimento do Parto. Uaaaaaau, metanóia na hora. Chorei. Choramos. E quando terminou ouvi o Du dizer “não tenho dúvida de que o nosso parto será em casa”. Ohhhh além de dizer que seria em casa, ele disse NOSSO PARTO. Sim, porque ele também teria que parir junto comigo. Então pronto! Foi dada a largada para essa caminhada longa, dolorosa de ir contra o sistema, de lutar por um parto que escolhemos, de nos munir de informações pra debater de igual pra igual com profissionais da medicina desinformados e que quiseram nos desestimular ao parto natural.
A outra caminhada difícil foi comunicar a família e amigos próximos da nossa decisão. Várias pessoas se mostraram surpresas, outras nos chamaram de irresponsáveis, outras torciam contra em silencio, outras se mostravam curiosas. Porém aos poucos fomos aprendendo que algumas decisões cabem somente a nós mesmos sabermos e arcarmos com elas. Optamos pelo silencio, até mesmo quanto a informar quantas semanas de gestação estávamos no terceiro trimestre, porque as pessoas tinham prazer em contar tragédias e botar medo (prazer macabro esse, mas têm).
Próximo passo foi achar uma equipe da hora pra nos acompanhar na maior viagem das nossas vidas. Quem? Por onde começar? Como saber se são as melhores pessoas pra estar em um dos dias mais importantes das nossas vidas? Foi aí que começamos a participar das rodas de discussão dos grupos de gestante e íamos a palestras diversas nos grupos Samaúma, Arte de Nascer, Vínculo, Mulheres Empoderadas, Essência Materna. Foi bem legal, nos abriu novos horizontes, porque por mais que os temas fossem repetidos, toda vez aprendíamos algo novo. Estar com pessoas diferentes, que pensam diferente e vivem diferente nos faz aprender e crescer. 
A galera que nos acompanharia no dia do parto foi “achada” de uma maneira nada convencional, eu acho. Fazendo orçamentos de fotografia para o dia do parto, encontrei uma pessoa empática, disposta, além de profissional maaaara, Michele Pampanin Fotografia. Mandei mensagem no facebook e ela respondeu, era mais de meia noite e começamos a conversar sobre o trabalho de fotografia e quando vi, estava desabafando com ela e falando do tanto que estava difícil achar uma equipe para o parto domiciliar, que não sabia como fazer por onde começar, que as vezes sentia que alguns profissionais não estavam nem aí. Ela me acolheu, me tranqüilizou, conversou comigo e me indicou a equipe maaaara que nos acompanhou. Minha gratidão Mi, forever.
A Mi me passou o blog da que seria minha futura doula, Valentine Kasin. Li o relato do segundo parto dela e ria horrores à uma da matina. Eu pensei “Pronto, é ela. Ela tem a minha cara, ela é fora da casinha, é irreverente, sabe colocar em palavras as emoções de um dos dias mais importantes da vida dela (sim, eu conseguia imaginar ela falando sem nunca tê-la conhecido). É ela”. Marcamos um encontro em que conheci a Mi e a Val. Não tive dúvidas de que as duas estariam comigo no dia do parto.
Depois a Mi me indicou também as parteiras/enfermeiras obstetrasParteiras Aurora , que fazem parte a Alana Ferreira , Olivia Separavich eFernanda Abbud . Entrei em contato, marcamos um encontro e conhecemos a Alana e a Olívia, a identificação foi imediata também. Foi uma conversa muito gostosa, elas nos tranqüilizaram, nos instruíram, e sabíamos que seriam elas a estar com a gente e nos auxiliar também no pré natal.
Você pode estar se perguntando “ué, mas e médico?”. Sim, eu fiz pré natal com uma médica obstetra, indo a todas as consultas e fazendo exames. Porém, por ser uma gestante de “baixo risco”, não havia a necessidade de acompanhamento médico no dia do parto. Mesmo porque a médica que me acompanhava, foi uma das que queria me meter uma cesárea pelos motivos mais torpes e banais que existem.
Enfim, a caminhada até o dia do parto também foi deliciosa, porque todos os dias se confirmava em nosso coração a certeza de que nossa Dudinha nasceria em casa, sim estaríamos seguros, Deus estava conosco e nos sentíamos abençoados. “...e eis que eu estou convosco todos os dias...” Mateus 28:20b
Sobre o dia do parto? Ta na parte 2...logo mais...