Quando a Duda tinha 1 ano e 5 meses compramos um penico que
depois viraria somente assento redutor para vaso sanitário, porém não tínhamos
a menor pretensão de tirá-la tão cedo das fraldas. Porque compramos um penico?
Todas as vezes que usávamos o banheiro aqui em casa, ela se interessava muito
por saber o que estávamos fazendo. Perguntava e notamos que o interesse começou
a ficar cada vez maior. Aqui em casa não temos o costume de fechar a porta pra nada,
nem pra cocô, nem pra xixi e nem pra banho, então todas as vezes que íamos ao
banheiro, ela ia atrás. Pedia pra olhar o que tinha dentro do vaso (aquela
privacidade básica que a gente perde depois que tem filhos sabe?), perguntava o
que tínhamos feito e colocava as mãos na fralda.
Quando o penico chegou, rolou curiosidade, sentou, desmontou
e por ali ficou. Durante um bom tempo ele ficou jogado no meio dos brinquedos,
servindo de berço para os ursinhos e bonecos por mais ou menos uns três meses.
Ofereci pra ela usar, mas a recusa foi enfática e imediata, não forcei a barra
e larguei pra lá.
Quando ela estava com 1 ano e 8 meses, começou a acordar pela
manhã com a fralda sequinha e foi então que ofereci o penico. Ela topou. Achava
o máááááximo ver o xixi saindo e depois o ritual de jogá-lo na privada, dar
descarga e dar tchau pro seu “precioso”. Seguimos assim durante dois meses,
fazendo o primeiro xixi do dia, no penico. A Duda já avisava que a fralda
estava suja e pedia pra trocar havia um tempo e agora ela também começou a
avisar que estava fazendo xixi ou cocô na fralda. Comecei a oferecer o penico
nesses momentos também. No começo ela recusava, depois começou a aceitar um
aqui, outro acolá. Houve dias em que foram quase todos os xixis no penico. Os
cocôs ainda não eram bem aceitos no penico, só ocorreu um nesse tempo. Depois
de um tempo, passamos a utilizar somente o assento redutor diretamente na
privada, onde ela aceitou bem, afinal, ela estava fazendo como a mamãe e o
papai.
Tudo indo maravilhosamente bem, até que fomos fazer uma
viagem de um pouco mais de três semanas. Levamos o assento redutor pra que a
gente continuasse com o processo fora de casa (doooooce ilusão de pais bem
intencionados não é mesmo?). Já no trajeto, entre aviões e conexões, ela pediu
uma vez pra fazer xixi e o corre pra lá com horário apertado e o vai pra cá com
malas e etc, nos fez dizer “Ah filha, faça na fralda mesmo.” que desastre.
Obviamente isso confundiu a cabeça dela e mesmo porque não havia pretensão de
tirar as fraldas tão cedo, era só um treino, então faça aí mesmo.
Quando chegamos no nosso destino, ofereci o xixi na privada
e ela só fez uma única vez, e em todas as outras a recusa era enfática e as
vezes com gritos, mesmo que eu nem insistisse. Ok, respeitei, entendi que tudo
estava diferente, fora de casa, fora de rotina, em lugar desconhecido e larguei
de mão essa história de desfralde.
Voltamos pra casa, esperei alguns dias pra que nós duas nos
habituássemos novamente a nossa rotina e voltei a oferecer a privada. Comecei
da estaca zero, tudo de novo, bora lá que a gente consegue. Estávamos a poucas
semanas dela completar 2 aninhos, começamos com os corres do aniversário e não
fiquei enfatizando o desfralde não. O primeiro xixi da manhã era sempre na
privada e os outros variavam bastante.
Passado o aniversário, eu decidi que não iria investir no
desfralde, porque eu estava mais interessada no desmame (isso é assunto pra
outro diário). Continuei a oferecer o xixi na privada pela manhã e dizia
“filha, se você quiser fazer xixi na privada de novo, só avisar a mamãe que eu
te ajudo ta?”. Ela sinalizava que havia entendido e eu não perguntava mais.
O calor chegou com tudo e a Duda, que sempre teve alergias
fortíssimas nesse período desde bem bebezinha, começou a reclamar do incômodo
da fralda. Ela dizia “mamãe ta incomodando, ta quente” e queria tirar.
Expliquei pra ela que não tinha como ficar sem fralda, porque ela ainda estava
aprendendo a fazer xixi e cocô na privada e que assim que ela aprendesse a
fazer tudo lá, que daí então poderia não usar mais fraldas. Dava muita dó de
ver a marca quadrada do plástico nas costinhas dela, queimava mesmo. Algumas
horas do dia, eu concedia “o privilégio” de ficar sem nada e ela desfrutava da
liberdade de não ficar cozinhando naquela fralda incômoda.
Eu comecei a investir um pouco mais nesse desfralde, mas
sem muita ênfase, porque meu foco ainda era o desmame e não era certo fazê-la
passar por dois marcos tão importantes de uma vez só. De tempo em tempo eu
perguntava sobre o xixi e oferecia a privada, as vezes a levava mesmo sem ela
ter realmente vontade e ela fazia. “Tratar o tema com naturalidade, sem fazer dele o centro da vida da criança, é uma abordagem mais assertiva.” (Zioneth Garcia – 2016 – Blog Cientista que virou Mãe). Ela topou novamente e demonstrava interesse em tirar logo essas fraldas
tão incômodas.
Decidi então que iria comprar umas calcinhas para incentivar
o desfralde e despertar interesse por esse novo mundo que ela estava prestes a
dominar de vez.“Além de ter o aparelho pronto é preciso contar com a disposição para tal, ou seja, a criança querer.” (Zioneth Garcia – 2016 – Blog Cientista que virou Mãe). Investi em
calcinhas dos personagens amados da vez, o Mickey e a Minnie, o que foi um
sucesso bem grande. Mano, como é difícil encontrar calcinha número 2 e a
maioria ainda são enormes (acordem aí lojistas).
Ate então, um ou
dois cocôs foram feitos na privada, com esse ainda não rolava segurança. Eu
estava tão relaxada com essa história de desfralde, que por mim tudo bem
colocar a fralda pra fazer o cocô, ela deveria se sentir segura e confortável pra
então dar um passo adiante.
De tempo em tempo eu
perguntava a ela se queria a privada, nomeava os “eventos fisiológicos” que ela
estava sentindo: filha, isso é cólica, isso é vontade de xixi, isso é vontade
de fazer cocô. Com o tempo ela foi aprendendo a nomear também e a falar. Tem
uma musiquinha bem legal dos Grandes Pequeninos “Xixi, Cocô e Pum”, bem
educativa e legal, que foi a febre por aqui, indico fortemente.
E então no dia 08 de
dezembro de 2017 ela disse “mamãe eu não quero mais usar ‘faldas’, eu vou usar
calcinhas da Minnie, a ‘falda’ queima minha ‘cotas’”. Nossa, assim? Tão fácil?
Fiquei boquiaberta e resolvi confiar na minha filha, de que ela estava pronta
pra um dos passos mais importantes dessa primeira infância. Nesse dia, tínhamos
um compromisso na casa de amigos, e eu a levei só de calcinha mesmo.
Conversamos “filha, como você decidiu que não quer mais usar fraldas, vc irá de
calcinha, ou seja, você terá de avisar a mamãe quando sentir vontade de xixi
e/ou cocô ta bom? As vezes, a mamãe vai te perguntar se você tem vontade e eu
vou confiar de que você sabe se quer ou não, ok?”. Ela balançou a cabeça
positivamente. Todos os xixis e um cocô na privada FORA DE CA-SA. Eu não
conseguia disfarçar o meu orgulho, fazia muita festa e dizia “que legal filha,
você avisou a mamãe que você estava com vontade de fazer xixi, você sabe mesmo
o que é isso né? Que legal, parabéns, você está crescendo e se tornando uma
criança muito esperta”. Era nítido o orgulho da conquista que ela sentia de si
mesma. Me emociono em escrever. É tão bom ver a cria da gente conquistando
coisas nessa vida.
Sobre escapes, até
agora houveram: um, em que ela nem estava em desfralde, efetivamente falando, e
ela demonstrou um certo constrangimento “mamãe, o que aconteceu comigo? Limpa,
limpa, poi favoi”. Eu expliquei o que tinha acontecido e não demonstrei em
nenhum momento decepção, mesmo pq eu não sentia isso, eu acolhi “filha, ta tudo
bem, você ta aprendendo, você ainda não sabe, a gente vai limpar e tentar
avisar quando a vontade estiver vindo da próxima vez.” e abracei. E só! Um
outro foi com o Du, no dia seguinte a decisão dela de deixar as fraldas, que
foi tratado da mesma maneira que eu tratei, com acolhimento e muita vontade de
ajudá-la. Outro numa das sonecas da tarde em que eu vacilei de não oferecer pra
fazer xixi antes e outros dois a noite que eu enchi a bichinha de água e chá
kkkkkkkk e não levei ao banheiro antes.
E então aos 2 anos e
2 meses, nossa pequena grande mini pessoa, está desfraldada.
Até hoje ela
comemora a cada conquista de xixi e cocô na privada e nós comemoramos junto.
Cada conquista sua
minha filha, será a nossa conquista. A cada grande passo seu, estaremos sempre
aqui pra te amparar e te impulsionar, e como já te ensinamos, quando não
pudermos mais te ver e te ajudar, nosso Deus estará com você. Ele nunca irá te
deixar e nem nunca desamparar. Te amamos nossa vencedora!